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Leonardo Boff:Eu não sou Charlie, je ne suis pas Charlie


10/01/2015
Há muita confusão acerca do atentado terrorista em Paris, matando vários cartunistas. Quase só se ouve um lado e não se buscam as raízes mais profundas deste fato condenável mas que exige uma interpretação que englobe seus vários aspectos ocultados pela midia internacional e pela comoção legítima face a um ato criminoso. Mas ele é uma resposta a algo que ofendia milhares de fiéis muçulmanos. Evidentemente não se responde com o assassianto. Mas também não se devem criar as condições psicológicas e políticas que levem a alguns radicais a lançarem mão de meios reprováveis sobre todos os aspectos. Publico aqui um texto de um padre que é teóloogo e historiador e conhece bem a situação da França atual. Ele nos fornece dados que muitos talvez não os conheçam. Suas reflexões nos ajudam a ver a complexidade deste anti-fenômeno com suas aplicações também à situação no Brasil: Lboff
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Eu condeno os atentados em Paris, condeno todos os atentados e toda a violência, apesar de muitas vezes xingar e esbravejar no meio de discussões, sou da paz e me esforço para ter auto controle sobre minhas emoções…
Lembro da frase de John Donne: “A morte de cada homem diminui-me, pois faço parte da humanidade; eis porque nunca me pergunto por quem dobram os sinos: é por mim”. Não acho que nenhum dos cartunistas “mereceu” levar um tiro, ninguém o merece, acredito na mudança, na evolução, na conversão. Em momento nenhum, eu quis que os cartunistas da Charlie Hebdo morressem. Mas eu queria que eles evoluíssem, que mudassem… Ainda estou constrangido pelos atentados à verdade, à boa imprensa, à honestidade, que a revista Veja, a Globo e outros veículos da imprensa brasileira promoveram nesta última eleição.
A Charlie Hebdo é uma revista importante na França, fundada em 1970, é mais ou menos o que foi o Pasquim. Isso lá na França. 90% do mundo (eu inclusive) só foi conhecer a Charlie Hebdo em 2006, e já de uma forma bastante negativa: a revista republicou as charges do jornal dinamarquês Jyllands-Posten (identificado como “Liberal-Conservador”, ou seja, a direita europeia). E porque fez isso? Oficialmente, em nome da “Liberdade de Expressão”, mas tem mais…
O editor da revista na época era Philippe Val. O mesmo que escreveu um texto em 2000 chamando os palestinos (sim! O povo todo) de “não-civilizados” (o que gerou críticas da colega de revista Mona Chollet (críticas que foram resolvidas com a demissão sumaria dela). Ele ficou no comando até 2009, quando foi substituído por Stéphane Charbonnier, conhecido só como Charb. Foi sob o comando dele que a revista intensificou suas charges relacionadas ao Islã, ainda mais após o atentado que a revista sofreu em 2011…
A França tem 6,2 milhões de muçulmanos. São, na maioria, imigrantes das ex-colônias francesas. Esses muçulmanos não estão inseridos igualmente na sociedade francesa. A grande maioria é pobre, legada à condição de “cidadão de segunda classe”, vítimas de preconceitos e exclusões. Após os atentados do World Trade Center, a situação piorou.
Alguns chamam os cartunistas mortos de “heróis” ou de os “gigantes do humor politicamente incorreto”, outros muitos os chamam de “mártires da liberdade de expressão”. Vou colocar na conta do momento, da emoção. As charges polêmicas do Charlie Hebdo, como os comentários políticos de colunistas da Veja, são de péssimo gosto, mas isso não está em questão. O fato é que elas são perigosas, criminosas até, por dois motivos.
O primeiro é a intolerância. Na religião muçulmana, há um princípio que diz que o Profeta Maomé não pode ser retratado, de forma alguma. Esse é um preceito central da crença Islâmica, e desrespeitar isso desrespeita todos os muçulmanos. Fazendo um paralelo, é como se um pastor evangélico chutasse a imagem de Nossa Senhora para atacar os católicos…
Qual é o objetivo disso? O próprio Charb falou: “É preciso que o Islã esteja tão banalizado quanto o catolicismo”. “É preciso” porque? Para que?

Note que ele não está falando em atacar alguns indivíduos radicais, alguns pontos específicos da doutrina islâmica, ou o fanatismo religioso. O alvo é o Islã, por si só. Há décadas os culturalistas já falavam da tentativa de impor os valores ocidentais ao mundo todo. Atacar a cultura alheia sempre é um ato imperialista. Na época das primeiras publicações, diversas associações islâmicas se sentiram ofendidas e decidiram processar a revista. Os tribunais franceses, famosos há mais de um século pela xenofobia e intolerância (ver Caso Dreyfus), como o STF no Brasil, que foi parcial nas decisões nas últimas eleições e no julgar com dois pessoas e duas medidas caos de corrupção de políticos do PSDB ou do PT, deram ganho de causa para a revista.
Foi como um incentivo. E a Charlie Hebdo abraçou esse incentivo e intensificou as charges e textos contra o Islã e contra o cristianismo, se tem dúvidas, procure no Google e veja as publicações que eles fazem, não tenho coragem de publicá-las aqui…
Mas existe outro problema, ainda mais grave. A maneira como o jornal retratava os muçulmanos era sempre ofensiva. Os adeptos do Islã sempre estavam caracterizados por suas roupas típicas, e sempre portando armas ou fazendo alusões à violência, com trocadilhos infames com “matar” e “explodir”…). Alguns argumentam que o alvo era somente “os indivíduos radicais”, mas a partir do momento que somente esses indivíduos são mostrados, cria-se uma generalização. Nem sempre existe um signo claro que indique que aquele muçulmano é um desviante, já que na maioria dos casos é só o desviante que aparece. É como se fizéssemos no Brasil uma charge de um negro assaltante e disséssemos que ela não critica/estereotipa os negros, somente aqueles negros que assaltam…
E aí colocamos esse tipo de mensagem na sociedade francesa, com seus 10% de muçulmanos já marginalizados. O poeta satírico francês Jean de Santeul cunhou a frase: “Castigat ridendo mores” (costumes são corrigidos rindo-se deles). A piada tem esse poder. Mas piada são sempre preconceituosas, ela transmite e alimenta o preconceito. Se ela sempre retrata o árabe como terrorista, as pessoas começam a acreditar que todo árabe é terrorista. Se esse árabe terrorista dos quadrinhos se veste exatamente da mesma forma que seu vizinho muçulmano, a relação de identificação-projeção é criada mesmo que inconscientemente. Os quadrinhos, capas e textos da Charlie Hebdo promoviam a Islamofobia. Como toda população marginalizada, os muçulmanos franceses são alvo de ataques de grupos de extrema-direita. Esses ataques matam pessoas. Falar que “Com uma caneta eu não degolo ninguém”, como disse Charb, é hipócrita. Com uma caneta se prega o ódio que mata pessoas…
Uma das defesas comuns ao estilo do Charlie Hebdo é dizer que eles também criticavam católicos e judeus…
Se as outras religiões não reagiram a ofensa, isso é um problema delas. Ninguém é obrigado a ser ofendido calado.
“Mas isso é motivo para matarem os caras!?”. Não. Claro que não. Ninguém em sã consciência apoia os atentados. Os três atiradores representam o que há de pior na humanidade: gente incapaz de dialogar. Mas é fato que o atentado poderia ter sido evitado. Bastava que a justiça tivesse punido a Charlie Hebdo no primeiro excesso, assim como deveria/deve punir a Veja por suas mentiras. Traçasse uma linha dizendo: “Desse ponto vocês não devem passar”.

“Mas isso é censura”, alguém argumentará. E eu direi, sim, é censura. Um dos significados da palavra “Censura” é repreender. A censura já existe. Quando se decide que você não pode sair simplesmente inventando histórias caluniosas sobre outra pessoa, isso é censura. Quando se diz que determinados discursos fomentam o ódio e por isso devem ser evitados, como o racismo ou a homofobia, isso é censura. Ou mesmo situações mais banais: quando dizem que você não pode usar determinado personagem porque ele é propriedade de outra pessoa, isso também é censura. Nem toda censura é ruim…
Deixo claro que não estou defendendo a censura prévia, sempre burra. Não estou dizendo que deveria ter uma lista de palavras/situações que deveriam ser banidas do humor. Estou dizendo que cada caso deveria ser julgado. Excessos devem ser punidos. Não é “Não fale”. É “Fale, mas aguente as consequências”. E é melhor que as consequências venham na forma de processos judiciais do que de balas de fuzis ou bombas.
Voltando à França, hoje temos um país de luto. Porém, alguns urubus são mais espertos do que outros, e já começamos a ver no que o atentado vai dar. Em discurso, Marine Le Pen declarou: “a nação foi atacada, a nossa cultura, o nosso modo de vida. Foi a eles que a guerra foi declarada”. Essa fala mostra exatamente as raízes da islamofobia. Para os setores nacionalistas franceses (de direita, centro ou esquerda), é inadmissível que 10% da população do país não tenha interesse em seguir “o modo de vida francês”. Essa colônia, que não se mistura, que não abandona sua identidade, é extremamente incômoda. Contra isso, todo tipo de medida é tomada. Desde leis que proíbem imigrantes de expressar sua religião até… charges ridicularizando o estilo de vida dos muçulmanos! Muitos chargistas do mundo todo desenharam armas feitas com canetas para homenagear as vítimas. De longe, a homenagem parece válida. Quando chegam as notícias de que locais de culto islâmico na França foram atacados, um deles com granadas!, nessa madrugada, a coisa perde um pouco a beleza. É a resposta ao discurso de Le Pen, que pedia para a França declarar “guerra ao fundamentalismo” (mas que nos ouvidos dos xenófobos ecoa como “guerra aos muçulmanos”, e ela sabe disso).
Por isso tudo, apesar de lamentar e repudiar o ato bárbaro do atentado, eu não sou Charlie. Je ne suis pas Charlie.

Leonardo Boff¿Fin de una era, una nueva civilización o fin del mundo? Leonardo Boff

Alainet




Hay voces de personalidades muy respetadas que advierten que estamos ya dentro de una Tercera Guerra Mundial. La más autorizada es la del Papa Francisco. El 13 de septiembre de este año, al visitar un cementerio de soldados italianos muertos en Radipuglia cerca de Eslovenia, dijo: “La Tercera Guerra Mundial puede haber comenzado, combatida por partes, con crímenes, masacres y destrucciones”. El ex-canciller alemán Helmut Schmidt, de 93 años, advertía el 12 de diciembre de este año sobre una posible Tercera Guerra Mundial (Boletim Carta Maior del 22/12/2014). Y otras voces autorizadas se hacen oír aquí y allí.
A mí me convence más el análisis, diría profético pues se está realizando como lo previó, de Jacques Attali en su conocido libro Breve historia del futuro (Paidós 1999). Fue asesor de François Mitterand y actualmente preside la Comisión de los «frenos al crecimiento». Trabaja con un equipo multidisciplinar altamente cualificado. Él prevé tres escenarios: (1) el superimperio compuesto por Estados Unidos y sus aliados. Su fuerza reside en poder destruir toda la humanidad. Pero está en decadencia debido a la crisis sistémica del orden capitalista. Se rige por la ideología del Pentágono del «full spectrum dominance» (dominación de espectro completo) en todos los campos, militar, ideológico, político, económico y cultural. Pero ha sido superado económicamente por China y tiene dificultades para someter a todos a la lógica imperial. (2) El superconflicto: con la decadencia lenta del imperio se da una balcanización del mundo, como constatan actualmente los conflictos regionales en el norte de África, en Oriente Medio, en África y en Ucrania. Esos conflictos pueden conocer un crescendo con la utilización de armas de destrucción masiva (veáse Síria, Iraq), después de pequeñas armas nucleares (existen hoy miles con el formato de un maletín de ejecutivo) que destruyen poco pero dejan regiones enteras inhabitables durante muchos años debido a la alta radioactividad. Con el uso generalizado de armas nucleares, químicas y biológicas se puede llegar a un punto en el que la humanidad se da cuenta de que puede autodestruirse. Y entonces surge (3) el escenario final: la superdemocracia. Para no destruirse a sí misma y a gran parte de la biosfera, la humanidad elabora un contrato social mundial, con instancias plurales de gobernabilidad planetaria. Con los bienes y servicios naturales escasos debemos garantizar la supervivencia de la especie humana y de toda la comunidad de vida que también está creada y mantenida por la Tierra-Gaia.
Si esa fase no llegara a surgir, podría ocurrir el fin de la especie humana y de gran parte de la biosfera. Por culpa de nuestro paradigma civilizatorio racionalista. Lo expresó bien el economista y humanista Luiz Gonzaga Belluzzo, recientemente: «El sueño occidental de construir el hábitat humano solamente a base de la razón, repudiando la tradición y rechazando toda trascendencia, ha llegado a un callejón sin salida. La razón occidental no consigue realizar concomitantemente los valores de los derechos humanos universales, las ambiciones del progreso de la técnica y las promesas de bienestar para todos y para cada uno» (Carta Capital 21/12/2014). En su irracionalidad, este tipo de razón, construye los medios de darse fin a sí misma.
El proceso de evolución deberá posiblemente esperar algunos miles o millones de años hasta que surja un ser suficientemente complejo, capaz de soportar el espíritu que, primero, está en el universo y solamente después en nosotros.
Pero puede también irrumpir una nueva era que conjugue la razón sensible (del amor y del cuidado) con la razón instrumental-analítica (la tecnociencia). Emergerá, finalmente, lo que Teilhard de Chardin llamaba ya en 1933 en China la noosfera: las mentes y los corazones unidos en la solidaridad, en el amor y en el cuidado con la Casa Común, la Tierra. Attali escribió: «quiero creer, en fin, que el horror del futuro predicho arriba contribuirá a hacerlo imposible. Entonces se diseñará la promesa de una Tierra hospitalaria para todos los viajantes de la vida (op. cit. p. 219).
Y al final nos deja a nosotros los brasileros este desafío: «Si hay un país que se parece a lo que podría convertirse el mundo, en lo bueno y en lo malo, ese país es Brasil» (p. 231).


http://alainet.org/active/79749

Leonardo Boff Renovar el contrato natural con la Tierra



Hasta el momento presente, el sueño del hombre occidental y blanco, universalizado por la globalización, era dominar la Tierra y someter a todos los demás seres para así obtener beneficios de forma ilimitada. Ese sueño, cuatro siglos después, se ha transformado en una pesadilla. Como nunca antes, el apocalipsis puede ser provocado por nosotros mismos, escribió antes de morir el gran historiador Arnold Toynbee.

Por eso, se impone reconstruir nuestra humanidad y nuestra civilización mediante otro tipo de relación con la Tierra para que sea sostenible. Es decir, para conseguir que perduren las condiciones de mantenimiento y de reproducción que sustentan la vida en el planeta. Eso solo ocurrirá si rehacemos el pacto natural con la Tierra y si consideramos que todos los seres vivos, portadores del mismo código genético de base, forman la gran comunidad de vida. Todos ellos tienen valor intrínseco y son por eso sujetos de derechos.

Todo contrato se hace a partir de la reciprocidad, del intercambio y del reconocimiento de derechos de cada una de las partes. De la Tierra recibimos todo: la vida y los medios de vida. En correspondencia, en nombre del contrato natural, tenemos un deber de gratitud, de retribución y de cuidado para que ella mantenga su vitalidad para hacer lo que siempre ha hecho para todos nosotros. Pero nosotros hace mucho que rompimos ese contrato.

Para rehacer ese contrato natural tenemos que actuar como el hijo pródigo de la parábola de Jesús. Volver a la Tierra, la Casa Común, y pedir perdón. Perdón que se traduce en un cambio de comportamiento en el sentido del respeto y del cuidado que ella merece. La Tierra es nuestra Madre, la Pacha Mama de los andinos y la Gaia de los modernos. Si no restablecemos ese lazo difícilmente sobreviviremos. Ella podría no querernos más sobre la faz terrestre. Por eso la sostenibilidad aquí y ahora es esencial. O ella prevalece o conoceremos una tragedia para el sistema-vida y para la especie humana.

A pesar de todas las rupturas del contrato natural, la Madre Tierra todavía nos envía señales positivas. A pesar del calentamiento global, de la erosión de la biodiversidad, el sol sigue saliendo el sol, el sabiá o tordo brasilero canta cada mañana, las flores sonríen a los que pasan, los colibrís revolotean sobre los botones de los lirios, los niños siguen naciendo y confirmándonos que Dios todavía cree en la humanidad y ella tiene futuro.

Rehacer el contrato natural implica rescatar la visión y los valores representados en el discurso del cacique Seattle, de la etnia de los Duwamish, pronunciado delante de Isaac Stevens, gobernador del territorio de Washington en 1856:

“De una cosa estamos seguros: la Tierra no pertenece al hombre. Es el hombre quien pertenece a la Tierra. Todas las cosas están interligadas entre sí. Lo que hiere a la Tierra, hiere también a los hijos e hijas de la Madre Tierra. No fue el ser humano quien elaboró el tejido de la vida; él es solamente un hilo de ella. Todo lo que haga al tejido, se lo hará a sí mismo... Comprenderíamos las intenciones del hombre blanco, si conociésemos sus sueños, si supiésemos qué esperanzas trasmite a sus hijos e hijas en las largas noches de invierno, qué visiones de futuro ofrece a sus mentes para que puedan formular deseos para el día de mañana”.

El 22 de abril de 2009, tras largas y difíciles negociaciones, la Asamblea de la ONU acogió por unanimidad la idea de que al Tierra es Madre. Esta declaración está llena de significado. La Tierra como suelo y tierra puede ser removida, utilizada, comprada y vendida. La Tierra como Madre no puede ser vendida ni comprada sino amada, respetada y cuidada como lo hacemos con nuestras madres. Este comportamiento reafirmará el contrato natural que dará sostenibilidad a nuestro planeta, pues restablece la relación de mutualidad.

El Presidente de Bolivia, el indígena aymara Evo Morales Ayma, no cesa de repetir que el siglo XXI será el siglo de los derechos de la Madre Tierra, de la naturaleza y de todos los seres vivos. En su intervención en la ONU el día 22 de abril de 2009, en cuya sesión participé con un discurso sobre la fundamentación teórica de la Tierra como Madre, enumeró resumidamente algunos los derechos de la Madre Tierra:

- el derecho de regeneración de la biocapacidad de la Madre Tierra,

- el derecho a la vida de todos los seres vivos, especialmente de aquellos amenazados de extinción.

- el derecho a una vida pura, porque la Madre Tierra tiene el derecho de vivir libre de contaminación y de polución,

- el derecho al vivir bien de todos los ciudadanos,

- el derecho a la armonía y al equilibrio con todas las cosas,

- el derecho a la conexión con el Todo del que somos parte.

Esta visión permite renovar el contrato natural con la Tierra que, articulado con el contrato social entre los ciudadanos, acabará por reforzar la sostenibilidad planetaria.

Para los pueblos originarios tal actitud era natural. Nosotros, en la medida en que perdimos la conexión con la naturaleza, hemos perdido también la conciencia de nuestra relación de reconocimiento y de gratitud hacia ella. De ahí la importancia de revisitar a aquéllos y aprender de ellos el respeto y la veneración que la Tierra merece.

- Leonardo Boff, teólogo, escritor

Leonardo Boff El ser humano: parte consciente e inteligente de la Tierra

ALAI, América Latina en Movimiento

30 de mayo 2014


El ser humano consciente no debe ser considerado aparte del proceso evolutivo. Él representa un momento especialísimo de la complejidad de las energías, de las informaciones y de la materia de la Madre Tierra. Los cosmólogos nos dicen que alcanzado cierto nivel de conexiones hasta el punto de crear una especie de unísono de vibraciones, la Tierra hace irrumpir la conciencia y con ella la inteligencia, la sensibilidad y el amor.

El ser humano es esa porción de la Madre Tierra que, en un momento avanzado de su evolución, empezó a sentir, a pensar, a amar, a cuidar y a venerar. Nació, entonces, el ser más complejo que conocemos: el homo sapiens sapiens. Por eso, según el antiguo mito del cuidado, de humus (tierra fecunda) se derivó homo-hombre y de adamah (en hebreo tierra fértil) se originó Adam-Adán (el hijo y la hija de la Tierra).

En otras palabras, nosotros no estamos fuera ni encima de la Tierra viva. Somos parte de ella, junto con los demás seres que ella generó también. No podemos vivir sin la Tierra, aunque ella pueda continuar su trayectoria sin nosotros.

Por causa de la conciencia y de la inteligencia somos seres con una característica especial: a nosotros nos fue confiada la guarda y el cuidado de la Casa Común. Todavía mejor: a nosotros nos toca vivir y rehacer continuamente el contrato natural entre Tierra y humanidad pues su cumplimiento garantizará la sostenibilidad del todo.

Esa mutualidad Tierra-humanidad se asegura mejor si articulamos la razón intelectual, instrumental-analítica, con la razón sensible y cordial. Nos damos cada vez más cuenta de que somos seres impregnados de afecto y de capacidad de sentir, de dar y de recibir afecto. Tal dimensión posee una historia de millones de años, desde cuando surgió la vida hace 3,8 miles de millones de años. De ella nacen las pasiones, los sueños y las utopías que mueven a los seres humanos a la acción. Esta dimensión, llamada también inteligencia emocional fue desestimada en la modernidad en nombre de una pretendida objetividad de análisis racional. Hoy sabemos que todos los conceptos, ideas y visiones de mundo vienen impregnados de afecto y de sensibilidad (M. Maffesoli, Elogio da razão sensível, Petrópolis 1998).

La inclusión consciente e indispensable de la inteligencia emocional con la razón intelectual nos mueve más fácilmente al cuidado y al respeto de la Madre Tierra y de sus seres.

Junto a esta inteligencia intelectual y emocional existe también en el ser humano la inteligencia espiritual. Esta no es solamente del ser humano; según renombrados cosmólogos es una de las dimensiones del universo. El espíritu y la conciencia tienen su lugar dentro del proceso cosmogénico. Podemos decir que ellos están primero en el universo y después en la Tierra y en el ser humano. La distinción entre el espíritu de la Tierra y del universo y nuestro espíritu no es de principio sino de grado.

Este espíritu está en acción desde el primerísimo momento después de la gran explosión. Es la capacidad que muestra el universo de hacer una unidad sinfónica de todas las relaciones e interdependencias. Su obra es realizar aquello que algunos físicos cuánticos (Zohar, Swimme y otros) llaman holismo relacional: articular todos los factores, hacer convergir todas las energías, coordinar odas las informaciones y todos los impulsos hacia delante y hacia arriba de forma que se forme un Todo y el cosmos aparezca de hecho como cosmos (algo ordenado) y no simplemente como una yuxtaposición de entes o caos.

En este sentido no pocos científicos (A. Goswami, D. Bohm, B. Swimme y otros) hablan de un universo autoconsciente y de un propósito que es perseguido por el conjunto de las energías en acción. No es posible negar esta trayectoria: de las energías primordiales pasamos a la materia, de la materia a la complejidad, de la complejidad a la vida, de la vida a la conciencia, que en nosotros, los seres humanos, se realiza como autoconciencia individual, y de la autoconciencia pasamos a lanoosfera (Teilhard de Chardin), por la cual nos sentimos una mente colectiva.

Todos los seres participan de alguna forma del espíritu, por más “inertes” que se nos presenten, como una montaña o una roca. Ellos también están envueltos en una incontable red de relaciones, que son la manifestación del espíritu. Formalizando podríamos decir: el espíritu en nosotros es aquel momento de la conciencia en que ella sabe de sí misma, se siente parte de un todo mayor y percibe que un Eslabón liga y re-liga a todos los seres, haciendo que haya un cosmos y no un caos.

Esta comprensión despierta en nosotros un sentimiento de pertenencia a este Todo, de parentesco con los demás seres de la creación, de aprecio de su valor intrínseco por el simple hecho de existir y de revelar algo del misterio del universo.

Al hablar de sostenibilidad en su sentido más global, necesitamos incorporar este momento de espiritualidad cósmica, terrenal y humana, para ser completa, integral y potenciar su fuerza de sustentación.

- Leonardo Boff es ecoteólogo y escritor, autor de Ecologia: grito da Terra-grito dos pobre:. Dignidde e direitos da Mãe Terra, a sair pela Vozes 2014.

Fuente: http://servicioskoinonia.org/boff/articulo.php?num=642



http://alainet.org/active/74185

Leonardo Boff. Reintegrarse en el espacio y en el tiempo

Alainet,5 abril 2014

Desde los años 70 del pasado siglo, quedó claro para gran parte de la comunidad científica que la Tierra no es solamente un planeta sobre el cual existe vida. La Tierra se presenta con tal balance de elementos, de temperatura, de composición química de la atmósfera y del mar que solamente un organismo vivo puede hacer lo que hace ella. La Tierra no contiene simplemente vida. La Tierra está viva, es un superorganismo viviente, denominado por los andinos Pachamama y por los modernos Gaia, el nombre griego para la Tierra viva.

La especie humana representa la capacidad de Gaia de tener un pensamiento reflejo y una conciencia sintetizadora y amorosa. Nosotros los humanos, hombres y mujeres, damos la posibilidad a la Tierra de apreciar su lujuriante belleza, contemplar su intrincada complejidad y descubrir espiritualmente el Misterio que la penetra.

Lo que los seres humanos son en relación a la Tierra lo es la Tierra en relación al cosmos por nosotros conocido. El cosmos no es un objeto sobre el cual descubrimos la vida. El cosmos es, según muchos cosmólogos contemporáneos, (Goswami, Swimme y otros) un sujeto viviente que se encuentra en un proceso permanente de génesis. Caminó 13,7 miles de millones de años, se enrolló sobre sí mismo y maduró de tal forma que en un rincón suyo, en la Vía Láctea, en el sistema solar, en el planeta Tierra emergió la conciencia refleja de sí mismo, de dónde viene, hacia donde va y cuál es la Energía poderosa que sustenta todo.

Cuando un ecoagrónomo estudia la composición química de un suelo es la propia Tierra la que se estudia a sí misma. Cuando un astrónomo dirige el telescopio hacia las estrellas, es el propio universo el que se mira a sí mismo.

El cambio que esta lectura debe producir en las mentalidades y en las instituciones solo es comparable con el que se realizó en el siglo XVI al comprobar que la Tierra era redonda y giraba alrededor del sol. Especialmente la consideración de que las cosas todavía no están terminadas, están continuamente naciendo, abiertas a nuevas formas de autorrealización. Consecuentemente la verdad se da en una referencia abierta y no en un código cerrado y establecido. Sólo está en la verdad quien camina con el proceso de manifestación de la verdad.

Importa, antes de nada, realizar la reintegración del tiempo. Nosotros no tenemos la edad que se cuenta a partir del día de nuestro nacimiento. Tenemos la edad del cosmos. Comenzamos a nacer hace 13,7 miles de millones de años cuando empezaron a organizarse todas aquellas energías y materiales que entran en la formación de nuestro cuerpo y de nuestra psique. Cuando eso maduró, entonces nacimos de verdad y abiertos siempre a otros perfeccionamientos futuros.

Si sintetizamos el reloj cósmico de 13,7 miles de millones de años en el espacio de un año solar, como lo hizo ingeniosamente Carl Sagan en su libro Los Dragones del Edén (Nueva York 1977, 14-16), y queriendo sólo destacar algunas fechas que nos interesan, tendríamos el cuadro siguiente:

El 1 de enero ocurrió el big bang. El 1 de mayo la aparición de la Vía Láctea. El 9 de septiembre, el origen del sistema solar. El 14 de septiembre, la formación de la Tierra. El 25 de septiembre, el origen de la vida. El 30 de diciembre, la aparición de los primeros homínidos, abuelos antepasados de los humanos. El 31 de diciembre irrumpieron los primeros hombres y mujeres. Los últimos 10 segundos del 31 de diciembre inauguraron la historia del homo sapiens/demens del cual descendemos directamente. El nacimiento de Cristo habría sido precisamente a las 23 horas 59 minutos y 56 segundos. El mundo moderno habría surgido en el segundo 58 del último minuto del año. ¿Y nosotros individualmente? En la última fracción de segundo antes de completar media noche.

En otras palabras, hace solamente 24 horas que el universo y la Tierra tienen conciencia refleja de sí mismos. Si Dios dijese a un ángel: "busque en el espacio e identifique en el tiempo a Denise o a Edson o a Silvia", con toda seguridad no lo conseguiría porque ellos son menos que un grano de arena vagando en el vacío interestelar y empezaron a existir hace menos de un segundo. Pero Dios sí, porque Él escucha el latir del corazón de cada uno de sus hijos e hijas, porque en ellos el universo converge en autoconciencia, en amorización y en celebración.

Una pedagogía adecuada a la nueva cosmología nos debería introducir en estas dimensiones que nos evocan lo sagrado del universo y el milagro de nuestra propia existencia. Y eso en todo el proceso educativo, desde primaria hasta la universidad.

Después, es menester reintegrar el espacio dentro del cual nos encontramos. Mirando la Tierra desde fuera de la Tierra, nos descubrimos como un eslabón de una inmensa cadena de seres celestes. Estamos en una de los 100 mil millones de galaxias, la Vía Láctea. A una distancia de 28 mil años luz de su centro; pertenecemos al sistema solar que es uno entre miles de millones de otras estrellas, en un planeta pequeño pero extremadamente favorecido por factores propicios a la evolución hacia formas cada vez complejas y concientizadas de vida: la Tierra.

En la Tierra nos encontramos en un Continente que se independizó hace cerca de 210 millones de años cuando Pangea (el continente único de la Tierra) se fracturó y adquirió la configuración actual. Estamos en esta ciudad, en esta calle, en esta casa, en este cuarto, y en esta mesa delante del ordenador desde donde me relaciono y me siento ligado a la totalidad de todos los espacios del universo.

Reintegrados en el espacio y en el tiempo nos sentimos como diría Pascal: una nada delante del Todo y un Todo delante de la nada. Y nuestra grandeza reside en saber y celebrar todo eso.

Fuente: http://servicioskoinonia.org/boff/articulo.php?num=630



http://alainet.org/active/72735

Leonardo Boff: El funesto imperio mundial de las corporaciones


El País (Costa Rica)


Los buenos deseos de un año feliz son rituales. No pasan de ser simples deseos, pues no consiguen cambiar el curso del mundo donde los superpoderosos siguen su estrategia de dominación global. Sobre esto necesitamos pensar y hasta rezar, pues las consecuencias económicas, sociales, culturales, espirituales y para el futuro de la especie y de la naturaleza pueden ser nefastas. 

 Muchos como J. Stiglitz y P. Krugman esperaban que el legado de la crisis de 2008 sería un gran debate sobre qué tipo de sociedad queremos construir. Se equivocaron de medio a medio. La discusión no se dio. Al contrario, la lógica que provocó la crisis ha sido retomada con más furor. Richard Wilkinson, uno de los mayores especialistas sobre el tema desigualdad, estuvo más atento y dijo hace ya tiempo en una entrevista al periódico Die Zeit de Alemania: “la pregunta fundamental es ésta: ¿queremos o no queremos realmente vivir según el principio de que el más fuerte se apropia de casi todo y el más débil se queda atrás? 

 Los super-ricos y super-poderosos decidieron que quieren vivir según el principio darwinista del más fuerte, y que los mas débiles se aguanten. Pero comenta Wilkinson: «creo que todos tenemos necesidad de mayor cooperación y reciprocidad, pues la personas desean una mayor igualdad social». Este deseo es negado intencionadamente por esos epulones. 

 Por lo general, la lógica capitalista es feroz: una empresa se come a otra (eufemísticamente se dice que se fusionaron). Cuando se llega a un punto en que sólo quedan algunas grandes, cambian de lógica: en vez de guerrear, hacen entre sí una alianza de lobos y se comportan mutuamente como corderos. Así articuladas detentan más poder, acumulan con más seguridad para sí y para sus accionistas, sin tener en cuenta para nada el bien de la sociedad. 

 La influencia política y económica que ejercen sobre los gobiernos, la mayoría de ellos mucho más débiles que ellas, es extremadamente coercitiva, interfiriendo en el precio de las commodities, en la reducción de las inversiones sociales, en la salud, educación, transporte y seguridad. Los miles de personas que ocupan las calles en el mundo y en Brasil intuyeron esa dominación de un nuevo tipo de imperio, cuyo lema es: «la avaricia es buena» (greed is good) y «devoremos lo que podamos devorar».

 Hay excelentes estudios sobre la dominación del mundo por parte de las grandes corporaciones multilaterales. Es conocido el de David Korten Cuando las corporaciones rigen el mundo (When the Corporations rule the World) . Pero hacía falta un estudio de síntesis, y éste ha sido realizado por la Escuela Politécnica Federal Suiza (ETH), en Zurich, en 2011, que se cuenta entre los más respetados centros de investigación, compitiendo con el MIT. El documento ha implicado a grandes nombres, es corto, no más de 10 páginas, y otras 26 sobre su metodología, para mostrar la total transparencia de los resultados. Ha sido resumido por el Prof. de economía de la PUC-SP Ladislau Dowbor en su página web (http://dowbor.org). Nos basamos en él. 

 De entre los 30 millones de corporaciones existentes, el ETH seleccionó 43 mil para estudiar mejor su lógica de funcionamiento. El esquema simplificado se articula así: hay un pequeño núcleo financiero central que tiene dos lados: de un lado están las corporaciones que componen el núcleo y del otro, aquellas que son controladas por él. Tal articulación crea una red de control corporativo global. Ese pequeño núcleo (core) constituye una super-entidad (super entity). De él emanan los controles en red, lo que facilita la reducción de los costos, la protección de los riesgos, el aumento de la confianza y, lo que es principal, la definición de las líneas de la economía global que deben ser fortalecidas y dónde. 

 Ese pequeño núcleo, fundamentalmente de grandes bancos, detenta la mayor parte de las participaciones en las otras corporaciones. La cúpula controla el 80% de toda la red de corporaciones. Son apenas 737 actores, presentes en 147 grandes empresas. Ahí están el Deutsche Bank, el J.P. Morgan Chase, el UBS, el Santander, el Goldman Sachs, el BNP Paribas (entre otros muchos). Al final menos del 1% de las empresas controla el 40% de toda red. 

 Este dato nos permite entender ahora la indignación de los Occupies y de otros que acusan al 1% de las empresas de hacer lo que quieren con los recursos procedentes del sudor del 99% de la población. Ellos no trabajan ni producen nada. Solamente hacen más dinero con el dinero lanzado en el mercado de la especulación. 

 Fue esta absurda voracidad de acumular ilimitadamente la que gestó la crisis sistémica de 2008. Esta lógica profundiza cada vez más la desigualdad y hace más difícil la salida de la crisis. ¿Cuánto de inhumanidad aguanta el estómago de los pueblos? Todo tiene su límite y la economía no lo es todo. Pero ahora nos es dado ver las entrañas del monstruo. Como dice Dowbor: «La verdad es que hemos ignorado al elefante que está en el centro de la sala». Está rompiendo todo, los cristales, la vajilla y pisoteando a las personas. ¿Pero hasta cuándo? El sentido ético mundial nos asegura que una sociedad no puede subsistir por mucho tiempo asentada sobre la sobreexplotación, la mentira y la antivida. 

Fuente: http://elpais.cr/frontend/noticia_detalle/3/89437

La extrema arrogancia del imperio El espionaje universal


Leonardo Boff
Rebelión, Adital
28 de agosto 2013


 El secuestro del Presidente de Bolivia Evo Morales, impidiendo que su avión sobrevolase el espacio europeo y la revelación del espionaje universal por parte de los órganos de información y control del gobierno estadounidense (NSA) nos llevan a reflexionar sobre un tema cultural de graves consecuencias: la arrogancia. Los hechos referidos muestran a qué nivel ha llegado la arrogancia de los europeos, forzados por los Estados Unidos. La arrogancia es un tema central de la reflexión griega de la cual venimos. Modernamente ha sido estudiada en profundidad por un pensador italiano con formación en economía, sociología y psicología analítica, Luigi Zoja, cuyo libro ha sido publicado en Brasil: História da Arrogância (Axis Mundi, São Paulo, 2000).

 En este libro denso, se hace la historia de la arrogancia en las culturas mundiales, especialmente en la cultura occidental. Los pensadores griegos (filósofos y dramaturgos) notaron que la racionalidad que se liberaba del mito venía habitada por un demonio que la llevaría a conocer y a desear ilimitadamente, en un proceso sin fin. Esa energía tiende a romper todos los límites y a terminar en la arrogancia, el verdadero pecado que los dioses castigaban duramente. Se llamó hybris al exceso en cualquier campo y Némesis al principio divino que castiga la arrogancia.

 El imperativo de la Grecia antigua era méden ágan: «nada en exceso». Tucídides hará decir a Pericles, el genial político de Atenas: «amamos lo bello pero con frugalidad; usamos la riqueza para emprendimientos activos, sin ostentaciones inútiles; para nadie la pobreza es vergonzosa, pero es vergonzoso no hacer lo posible para superarla». En todo buscaban la justa medida.

 La ética oriental, budista e hindú, predicaba la imposición de límites al deseo. El Tao Te King ya sentenciaba: «no hay mayor desgracia que no saber contentarse» (cap.46); «habría sido mejor parar, antes que el vaso se desbordase» (cap.9).

 La hybris-exceso-arrogancia es el mayor vicio del poder, sea personal, sea de un grupo o de un imperio. Hoy esa arrogancia toma cuerpo en el imperio norteamericano, que somete a todos, y en el ideal del crecimiento ilimitado que subyace a nuestra cultura y a la economía política.

 Ese exceso-arrogancia ha llegado en los días actuales a su culmen en dos frentes: en la vigilancia ilimitada, que consiste en la capacidad de que un poder imperial controle, por sofisticada tecnología cibernética, a todas las personas, violando los derechos de soberanía de un país y el derecho inalienable a la privacidad personal. Es señal de debilidad y de miedo de un imperio que ya no consigue convencer con argumentos ni atraer por sus ideales. Entonces necesita usar la violencia directa, la mentira, irrespetar los derechos y los estatutos consagrados internacionalmente. Según los grandes historiadores de las culturas, Toynbee y Burckhard, estas son las señales inequívocas de la decadencia irrefrenable de los imperios. Pero al hundirse causan estragos inimaginables.

 El segundo frente de la hybris-exceso reside en el sueño del crecimiento ilimitado mediante la explotación despiadada de los bienes y servicios naturales. Occidente creó y exportó a todo el mundo este tipo de crecimiento, medido por la cantidad de bienes materiales (PIB). Rompe con la lógica de la naturaleza que siempre se autorregula manteniendo la interdependencia de todos con todos. Así un árbol no crece ilimitadamente hasta el cielo; de la misma forma el ser humano conoce sus límites físicos y psíquicos. Pero este proyecto hace que el ser humano imponga a la naturaleza su regulación arrogante: así consume hasta enfermarse y al mismo tiempo busca la salud total y la inmortalidad biológica. Ahora que os límites de la Tierra se han hecho sentir, pues se trata de un planeta pequeño y enfermo, lo fuerza con nuevas tecnologías a producir más. La Tierra se defiende creando el calentamiento global con sus eventos extremos.

 Con propiedad dice Soja: «el crecimiento sin fin no es nada más que una ingenua metáfora de la inmortalidad» (p.11). Samuel P. Huntington en su discutido libro El choque de civilizaciones (Paidós 1998) afirmaba que la arrogancia occidental constituye «la fuente más peligrosa de inestabilidad y de un posible conflicto global en un mundo multicivilizacional» (p.397). Este sobrepasar todos los límites está agravado por la ausencia de la razón sensible y cordial. Por ella leemos emotivamente los datos, escuchamos los mensajes de la naturaleza y percibimos lo humano de la historia humana, dramática y esperanzadora.

 La aceptación de los límites nos hace humildes y conectados a todos los seres. El imperio norteamericano, por la lógica propia de la arrogancia dominadora, se distancia de todos, crea desconfianzas pero jamás amistad y admiración.

 Terminó con un cuento de León Tolstoi en el estilo de João Cabral de Mello Neto: ¿De cuánta tierra precisa un hombre? Un hombre hizo un pacto con el diablo: recibiría toda la tierra que consiguiese recorrer a pie. Se puso a andar día y noche, sin parar, de valle en valle, de monte en monte. Hasta que extenuado cayó muerto. Comenta Tolstoi: si conociese su límite, sabría que apenas le bastaban unos metros; más que eso no necesitaría para ser sepultado.

 Para ser admirados, los Estados Unidos no necesitarían más que su propio territorio y su propio pueblo. No precisarían desconfiar de todos ni fisgonear la vida de todo el mundo. 

Fuente: http://site.adital.com.br/site/noticia.php?lang=ES&cod=77199

Brasil: Equívocos conceptuales en el gobierno del PT Leonardo Boff


19 de julio 2013, Alainet

Estimo que una de las razones que llevó multitudes a las calles en el mes de junio tiene su origen en los errores conceptuales de las políticas públicas en el gobierno del PT. Incapaz de liberarse de las amarras del sistema neoliberal imperante en el mundo e interiorizado, bajo presión, en nuestro país, los gobiernos del PT han tenido que reconocer inmensos beneficios a los rentistas para sostener la política económica nacional e incluso realizar alguna distribución de la renta nacional a través de políticas sociales a los millones de hijos de la pobreza.

El Atlas de la exclusión social - los ricos de Brasil (Cortés, 2004), aunque de hace unos años, mantiene su vigencia, como lo demuestra el investigador Marcio Pochman (Los padres de la desigualdad, Le Monde Diplomatique, octubre de 2007). Pasando por todos los ciclos económicos, el nivel de concentración de la riqueza hasta la financiarización actual se ha mantenido prácticamente sin cambios. 5.000 familias poseen el 45% de la renta y la riqueza nacional. Son las que prestan al gobierno, a través de los bancos, según los datos de 2013, y cada año reciben 110 mil millones de dólares en intereses. Para los proyectos sociales (“bolsa familia” y otros) se destinan sólo unos 50 mil millones. Son los restos para los considerados el resto.

Debido a esta distribución perversa de la renta, somos uno de los países más desiguales del mundo. Es decir, uno de los más injustos, lo que hace a nuestra democracia muy frágil y casi absurda. Lo que sostiene la democracia es la igualdad, la equidad y la eliminación de los privilegios.

En Brasil hasta ahora sólo se ha hecho una distribución desigual de la renta nacional, incluso con los gobiernos del PT. Es decir, no se ha tocado la estructura de la concentración de la renta. Lo que necesitamos con urgencia, si queremos cambiar la cara social de Brasil, es introducir una redistribución que implica tocar los mecanismos de apropiación de la renta. Concretamente significa tomar de los que tienen de más y pasarlo a los que tienen de menos. Pero esto nunca se ha hecho. Los detentadores del poder, del saber y de los medios de comunicación han conseguido siempre detener esta revolución básica, sin la cual mantendremos indefinidamente vastos sectores de la población al margen de las conquistas modernas. El sistema político termina por servir a sus intereses. Por eso, en su tiempo, repetía con frecuencia Darcy Ribeiro que tenemos una de las elites más ricas, antisociales y conservadoras del mundo.

Los grandes proyectos de gobierno destinan una parte significativa del presupuesto a proyectos que las benefician y enriquecen aún más: carreteras, presas, puertos, aeropuertos, incentivos fiscales, créditos blandos del BNDES. Esto se conoce como el crecimiento económico, medido por el PIB, que debe ser analizado junto con la inflación, las tasas de interés y el cambio. Se privilegia el agronegocio exportador, que trae dólares a la agroecología, a la economía familiar y solidaria, que produce el 60% de lo que comemos.

Lo que las multitudes de la calle están reclamando es: desarrollo en primer lugar y a su servicio el crecimiento (PIB). El crecimiento es material. El desarrollo es humano. Significa más educación, mejores hospitales, más saneamiento básico, transporte público mejor y más seguro, más acceso a la cultura y al ocio. En otras palabras: más capacidad de vivir mínimamente felices como seres humanos y ciudadanos, no sólo como consumidores pasivos de las mercancías puestas en el mercado. En lugar de grandes estadios cuyas entradas a los juegos son en gran medida prohibitivas para el pueblo, más hospitales, más escuelas, más centros técnicos, más cultura, más integración en el mundo de la comunicación digital.

El crecimiento debe estar orientado al desarrollo humano y social. Si no se alinea con esta lógica, el gobierno se ve condenado a ser más el gestor de los negocios que el cuidador de la vida de su pueblo, de las condiciones de su alegría de vivir y de su admirada creatividad cultural.

Las calles están gritando por un Brasil de la gente y no de negocios ni de chanchullos, por una sociedad menos malvada debido a las desigualdades escandalosas, por relaciones sociales transparentes y menos excusas para ocultar la plaga de la corrupción, por una democracia donde las personas estén llamadas a discutir y decidir junto con sus representantes lo que es mejor para el país.

Los gritos son por humanidad, por dignidad, por respeto al tiempo de la vida de las personas, que no se gaste en horas perdidas en un pésimo transporte público, sino que sea puesto en libertad para socializar con la familia o para el ocio. Parecen decir: «nos negamos a ser sólo animales hambrientos que claman por el pan; somos humanos, portadores de espíritu y de cordialidad, que gritamos por belleza; sólo uniendo pan con belleza viviremos en paz, sin violencia, con humor y sentido lúdico y encantado de la vida». El gobierno necesita dar este giro.

- Leonardo Boff es autor de Virtudes por um outro mundo possível (3 vol) Vozes 2006.

Fuente: http://www.servicioskoinonia.org/boff/articulo.php?num=578


http://alainet.org/active/65818


Constitucionalismo ecológico en América LatinaLeonardo Boff

 Alai, 17 de mayo 2013

Las constituciones modernas se fundan sobre el contrato social de cuño antropocéntrico. No incluyen el contrato natural que es el acuerdo y la reciprocidad que deben existir entre los seres humanos y la Tierra viva que nos da todo y a la que nosotros en retribución cuidamos y preservamos. En razón de eso sería natural reconocer que ella y los seres que la componen son portadores de derechos. Los contractualistas clásicos como Kant y Hobbes restringían, sin embargo, la ética y el derecho solo a las relaciones entre los humanos. Solamente se admitían obligaciones humanas para con los demás seres, especialmente los animales, en el sentido de no destruirlos o someterlos a sufrimientos y crueldades innecesarias.

No considerar que cada ser posee un valor intrínseco, independiente de su uso humano, uso racional, y que es portador del derecho de existir dentro del mismo hábitat común, el planeta Tierra, abrió el camino a que la naturaleza fuese tratada como mero objeto a ser explotado sin ninguna otra consideración, en algunos casos hasta su agotamiento. Sin embargo, cupo a América Latina, como lo mostró un notable criminalista y juez de la corte suprema de la Argentina, Eugenio Raúl Zaffaroni (La Pachamama y el Humano, Ediciones Colihue 2012) desarrollar un pensamiento constitucionalista de naturaleza ecológica en el cual la Tierra y todos los seres de la naturaleza, particularmente los vivos y los animales son titulares de derechos. Estos deben ser incluidos en las constituciones modernas que han abandonado el arraigado antropocentrismo y el paradigma del dominus, del ser humano como señor y dominador de la naturaleza y de la Tierra.

Los nuevos constitucionalistas latinoamericanos unen dos corrientes: una de ellas, la más ancestral, la de los pueblos originarios, para los cuales la Tierra (Pacha) es madre (Mama),de ahí el nombre de Pachamama, y titular de derechos porque esta viva y nos da todo lo que necesitamos y, finalmente, porque somos parte de ella y pertenecemos a ella, asi como los animales, los bosques, las selvas, las aguas, las montañas y los paisajes. Todos merecen existir y convivir con nosotros formando la gran democracia comunitaria y cósmica.

Ensamblan esta tradición ancestral, eficaz, de la cultura andina, que va de la Patagonia a América Central, a la nueva comprensión derivada de la cosmología contemporánea, de la biología genética y molecular, de la teoría de los sistemas, que entiende la Tierra como un super-organismo vivo que se auto-regula (autopoiesis de Maturana-Varela y Capra) con vistas a mantener siempre la vida y la capacidad de reproducirla y hacerla coevolucionar. Esta Tierra, denominada Gaia, engloba a todos los seres y genera y sustenta la tela de la vida en su inconmensurable biodiversidad. Ella, como Madre generosa, debe ser respetada, reconocida en sus virtualidades y en sus límites y por eso acogida como sujeto de derechos -la dignitas Terrae- base para posibilitar y sustentar todos los demas derechos personales y sociales.

Dos países latinoamericanos, Ecuador y Bolivia, han fundado un verdadero constitucionalismo ecológico; en eso están por delante de cualquier otro país “desarrollado”.

La Constitución de Montecristi de la República de Ecuador de 2008 dice explícitamente en su preámbulo: “Celebramos la naturaleza, la Pacha Mama, de la cual somos parte y que es vital para nuestra existencia”. Enseguida enfatiza que la República se propone construir “una nueva forma de convivencia ciudadana, en diversidad y en armonía con la naturaleza, para alcanzar el bien vivir, o sumackawsay (el vivir pleno). En el articulo 71º del capítulo VII dispone: ”la naturaleza o la Pachamama, donde se reproduce y se realiza la vida, tiene derecho a que se respete integralmente su existencia, el mantenimiento) y regeneración de sus ciclos vitales, estructura, funciones y procesos evolutivos; toda persona, comunidad, pueblo o nacionalidad podrá exigir de la autoridad pública el cumplimiento de los derechos de la naturaleza… el Estado incentivará a las personas naturales y jurídicas, y a los colectivos, para que protejan la naturaleza y promoverá el respeto a todos los elementos que forman un ecosistema”.

Son conmovedoras las palabras del preámbulo de la Constitución Política del Estado boliviano, aprobada en 2009: ”Cumpliendo el mandato de nuestros pueblos, con la fortaleza de nuestra Pachamama y gracias a Dios, refundamos Bolivia”. El artículo 33º prescribe: ”las personas tienen derecho a un medio ambiente saludable, protegido y equilibrado. El ejercicio de este derecho debe permitir a los individuos y a las colectividades de las presentes y futuras generaciones, incluidos otros seres vivos, desarrollarse de manera normal y permanente”. El articulo 34º dispone: ”cualquier persona, a título individual o en representación de una colectividad, está facultada a ejercer acciones legales en defensa del medio ambiente”.

Aquí tenemos un verdadero constitucionalismo ecológico que ha ganado cuerpo y letra en las respectivas Constituciones. Tales visiones son anticipatorias de lo que deberá ser en todas las constituciones futuras de la humanidad. Solo con tal mente y disposición garantizaremos un destino feliz en este planeta.

- Leonardo Boff es Teólogo/Filósofo

Fuente: http://www.servicioskoinonia.org/boff/articulo.php?num=562


http://alainet.org/active/64092

Leonardo Boff: Francisco: um Papa que presidirá na caridade
16 marzo 2013


A grave crise moral que atravessa todo o corpo institucional da Igreja fez com que  o Conclave elegesse alguém que tenha autoridade e coragem para fazer profundas reformas na Cúria romana e presidir a Igreja na caridade e menos na autoridade jurídica, enfraquecendo as igrejas locais. Foi o que acenou o novo Papa Francisco em sua primeira fala. Se isso ocorrer ele será o Papa do terceiro milênio e abrirá uma nova “dinastia” de Papas vindos das periferias da cristandade.

A figura do Papa é talvez o maior símbolo do Sagrado  no mundo Ocidental. As sociedades que pela secularização exilaram o Sagrado, a falta de líderes referenciais e a nostalgia  da figura do pai como aquele que orienta, cria confiança e mostra caminhos, concentraram na figura do Papa  estes ancestrais anseios que podiam ser lidos nos rostos dos fiéis na praça de São Pedro. Nesse espírito quebrou os protocolos, se sentiu gente do povo, pagando sua conta no lugar onde se hospedou, indo de simples carro para a Basílica Santa Maria Maior e conservando sua cruz de ferro.

Para os cristãos é irrenunciável o ministério de Pedro como aquele deve “confirmar os irmãos e as irmãs na fé” segundo o mandato do Mestre. Roma onde estão sepultado Pedro e Paulo, foi desde os primórdios, referência de unidade, de ortodoxia e de zelo pelas demais as igrejas. Esta perspectiva é acolhida também pelas demais igrejas não-católicas. A questão toda é a forma como se exerce tal função. O Papa Leão Magno (440-461), no vazio do poder imperial, teve que assumir a governança de Roma para enfrentar os hunos de Átila. Tomou o título de Papa e de Sumo Pontífice que eram do Imperador, incorporou o estilo imperial de poder, monárquico e centralizado com seus símbolos, as vestimentas e o estilo palaciano. Os textos atinentes a Pedro que em Jesus tinham um sentido de serviço e de amor, foram interpretados, no estilo romano, como  estrito poder jurídico. Tudo culminou com Gregório VII que com o seu “Dictatus Papae”(a Ditadura do Papa) arrogou para si os dois poderes, o religioso e o secular. Surgiu a grande Instituição Total, obstáculo à liberdade dos cristãos e ao diálogo com o mundo moderno globalizado.

Esse exercício absolutista foi sempre questionado, especialmente, pelos Reformadores. Mas nunca foi amenizado. Como reconhecia João Paulo II, no seu documento sobre o ecumenismo: este estilo de exercer a função de Pedro é o maior obstáculo à unidade das Igreja e à aceitação por parte dos cristãos vindos do mundo democrático. Não basta a espetacularização da fé com grandes eventos para suprir tal deficiência.

A atual forma monárquica  deverá ser repensada à luz daquela intenção de Jesus. Será um Papado pastoral e não professoral. O Concílio Vaticano II estabeleceu os instrumentos para esta forma: o sínodo dos bispos, feito até agora apenas consultivo, quando fora pensado, deliberativo. Criar-se-ia um órgão executivo que com o Papa governaria a Igreja. Criou-se pelo Concílio a colegialidade dos bispos, quer dizer, as conferências continentais e nacionais ganhariam mais autonomia para permitir um enraizamento da fé nas culturais locais, sempre em comunhão com Roma. Não é impensável que representantes do Povo de Deus desde cardeais, até mulheres ajudariam a eleger um Papa para toda a cristandade. Faz-se urgente uma reforma da Cúria na linha da descentralização. Certamente o que fará o Papa Francisco. Por que o Secretariado para as religiões não cristãs não pode funcionar na Ásia? O Dicastério da unidade dos cristãos em Genebra, perto do Conselho Mundial de Igrejas?  O das missões, em alguma cidade da África? O dos direitos humanos e justiça, na América Latina?

A Igreja Católica poderia se transformar numa instância não autoritária de valores universais dos direitos humanos, os da Mãe Terra e da natureza,  contra a cultura do consumo, em favor de uma sobriedade  condividida. A questão central não é mais a Igreja mas a Humanidade e a civilização que podem desparecer. Como a Igreja ajuda em sua preservação?  Tudo isso é possível e realizável, sem renunciar em nada à substância da fé cristã. Importa que o Papa Francisco seja um João XXIII dos novos tempos, um “Papa buono”, como já o mostrou. Só assim poderá  resgatar a credibilidade perdida  e ser um luzeiro de espiritualidade e de esperança para todos.

Leonardo Boff é teólogo, filósofo e escritor


Leonardo Boff: El camino como arquetipo 

Alainet, 13 diciembre 2012


Tengo especial fascinación por los caminos, especialmente por los caminos del campo que suben penosamente la montaña y desaparecen en la curva del bosque. O los caminos cubiertos de hojas multicolores en las tardes grises de otoño, por los cuales andaba en mis tiempos de estudiante en los Alpes del sur de Alemania. Y es que los caminos están dentro de nosotros. Hay que preguntar a los caminos el porqué de las distancias, por qué a veces son tortuosos, y cansan o son difíciles de recorrer. Ellos guardan los secretos de los pies de los caminantes, el peso de su tristeza, la ligereza de su alegría al encontrar a la persona amada. 

El camino constituye uno de los arquetipos más ancestrales de la psique humana. El ser humano guarda la memoria de todo el camino seguido a lo largo de los 13,7 miles de millones de años del proceso de la evolución. Guarda especialmente la memoria de cuando surgieron nuestros antepasados: la rama de los vertebrados, la clase de los mamíferos, el orden de los primates, la familia de los homínidos, el género homo, la especie sapiens/demens actual. 

Debido a esta inconmensurable memoria, el camino humano se presenta tan complejo y a veces indescifrable. En el camino de cada persona trabajan siempre millones y millones de experiencias de caminos pasados y recorridos por incontables generaciones. La tarea de cada uno es prolongar este camino y hacer su camino de tal forma que mejore y profundice el camino recibido, enderece lo torcido y legue a los futuros caminantes un camino enriquecido con su pisada. 

El camino ha sido y sigue siendo una experiencia de rumbo que indica la meta y simultáneamente es el medio por el cual se alcanza la meta. Sin camino nos sentimos perdidos, interior y exteriormente. Nos llenamos de oscuridad y de confusión. Como hoy la humanidad, sin rumbo y en un vuelo ciego, sin brújula y sin estrellas para orientar las noches tenebrosas. 

Cada ser humano es homo viator, un caminante por los caminos de la vida. Como dice el poeta cantante indígena argentino Atahualpa Yupanqui «el ser humano es la Tierra que camina». No recibimos la existencia acabada. Debemos construirla. Y para eso hay que abrir camino, a partir y más allá de los caminos andados que nos precedieron. Incluso así, nuestro camino personal nunca está dado completamente. Tiene que ser construido con creatividad y sin miedo. Como dice el poeta español Antonio Machado: «caminante, no hay camino, se hace camino al andar». 

Efectivamente, estamos siempre en camino a nosotros mismos. Fundamentalmente o nos realizamos o nos perdemos. Por eso hay básicamente dos caminos como dice el primer salmo de la Biblia: el camino del justo y el camino del impío, el camino de la luz o el camino de las tinieblas, el camino del egoísmo o el camino de la solidaridad, el camino del amor o el camino de la indiferencia, el camino de la paz o el camino del conflicto. En una palabra: el camino que lleva a un fin bueno o el camino que lleva a un abismo. 

Pero prestemos atención: la condición humana concreta es siempre coexistencia de los dos caminos, que suelen entrecruzarse. En el buen camino se esconde también el malo, y en el malo, el bueno. Ambos atraviesan nuestro corazón. Este es nuestro drama que puede transformarse en crisis e incluso en tragedia. 

Como es difícil separar totalmente la cizaña del trigo, el camino bueno del camino malo, estamos obligados a hacer una opción fundamental por uno de ellos: por el bueno, aunque nos cueste renuncias o incluso pueda traernos desventajas, pero por lo menos nos da paz de conciencia y la percepción de que estamos en lo correcto. Y están los que optan por el camino del mal: éste es más fácil, no impone ninguna limitación, pues todo vale con tal de que nos beneficie. Pero cobra un precio: la acusación de la conciencia, riesgos de castigos y hasta de ser eliminado. 

La opción fundamental confiere cualidad ética al camino humano. Si optamos por el buen camino, los pequeños pasos equivocados o los tropiezos no destruirán el camino y su rumbo. Lo que cuenta realmente frente a la conciencia y ante Aquel que a todos juzga con justicia es esta opción fundamental. 

Por esta razón, la tendencia dominante en la teología moral cristiana es sustituir el lenguaje de pecado venial o mortal por otro más adecuado a esta unidad del camino humano: fidelidad o infidelidad a la opción fundamental. No hay que aislar los actos y juzgarlos desconectados de la opción fundamental. Se trata de captar la actitud básica y el proyecto de fondo que se traduce en actos y que unifica la dirección de la vida. Si ésta opta por el bien, con constancia y fidelidad, conferirá mayor o menor bondad a los actos, no obstante los altibajos que ocurren siempre pero que no llegan a destruir el camino del bien. Este vive en estado de gracia. Pero hay también los que optan por el camino del mal. Ciertamente pasarán por la severa clínica de Dios en caso de encontrar misericordia a sus maldades. 

No hay escapatoria: tenemos que escoger qué camino construir y cómo seguir por él, sabiendo que «vivir es peligroso» (Guimarães Rosa). Pero nunca lo hacemos solos. Con nosotros caminan multitudes, solidarias en el mismo destino, acompañadas por Alguien llamado: “Emmanuel, Dios con nosotros”. 



http://alainet.org/active/60253


Leonardo Boff: La Madre Tierra, sujeto de dignidad y de derechos

 ALAI AMLATINA, El día 22 de abril de 2009 la Asamblea General de las  Naciones Unidas en su 63ª sesión aprobó por unanimidad el proyecto presentado por el Presidente de Bolivia, Evo Morales Ayma, de que todo 22 de abril sea celebrado como el Día Internacional de la Madre Tierra. Ya no se trata del Día de la Tierra, sino del Día de la Madre Tierra.

 Este cambio significa una revolución en nuestra forma de mirar el Planeta Tierra y de relacionarnos con él. Una cosa es decir Tierra, sin más, que se puede comprar, vender, investigar científicamente y explotar económicamente. Otra cosa es decir Madre Tierra, porque a una madre no  se la puede explotar económicamente, ni mucho menos comprar o vender. A una madre hay que amarla, cuidarla, respetarla y reverenciarla. Atribuir tales valores a la Tierra, porque es Madre, conlleva a afirmar 
 que es sujeto de dignidad y portadora de derechos.

 1. Argumentos en pro de los derechos de la Tierra

 ¿Cuál es la base científica y filosófica que nos permite considerar a la Tierra como Madre y con derechos? Veo cinco razones principales.

 La primera es la más alta ancestralidad de la tradición transcultural que siempre consideró la Tierra como Madre. En su visión cósmica, los pueblos originarios sentían que la Tierra era y es parte del Universo a quien rendían culto con un respeto reverencial ante a su majestad.  Tenían clara conciencia de que recibían de ella todo lo que necesitaban  para vivir. Era la Magna Mater y Nana.

 Esta visión ancestral continúa viva en los pueblos originarios, como los andinos, y otros, que contemplan la Tierra como Pacha Mama y sostienen con ella una relación de profundo respeto y cuidado.

 La segunda razón es la constatación científica realizada por parte de  sectores importantes de las ciencias de la Tierra (nueva biología,  astrofísica, física cuántica). Según ellos, la Tierra es un  superorganismo vivo, que articula lo físico, lo químico, lo biológico y  lo ecológico, de forma tan interdependiente y sutil que se hace siempre  propicia a producir y reproducir la vida.

 Fue mérito de los científicos James Lovelock, Lynn Margulis, Elisabet Sahtouris, José Lutzenberg y otros, a partir de los años 70 del siglo pasado, después de investigaciones minuciosas, el haber propuesto esta  visión que más y más se está imponiendo a la comunidad científica  internacional, y que está siendo asumida por amplios sectores de la  cultura. Inicialmente era una hipótesis, que a partir de 2001 pasó a una  teoría científica, el grado más alto del reconocimiento en el campo de  las ciencias. A la Tierra viva la llamaron Gaia, uno de los nombres de  la mitología griega para designar la vitalidad de la Tierra.

 La atmósfera actual no resulta solamente de mecanismos físicos, químicos  y de fuerzas directivas del universo, sino principalmente de la  interacción de la vida misma con todo el entorno ecológico. De esta  interacción resulta que la atmósfera como la tenemos hoy es un producto  biológico. La sinergia de los organismos vivos con los elementos de la  Tierra va creando y manteniendo el hábitat adecuado que denominamos  biósfera.

 Si así es, podemos entonces decir: no solamente hay vida sobre la  Tierra. La Tierra misma es viva, un superorganismo extremamente  complejo, hecho de inter-retro-relaciones con el ambiente conjuntamente  con las energías cósmicas siempre actuantes.

 La vida debe ser amada, cuidada y fortalecida. No puede ser amenazada y  eliminada. No puede ser transformada en mercancía y puesta en el  mercado. La vida es sagrada. Por lo tanto, la Tierra viva, la Madre  Tierra es sujeto de dignidad, y portadora de derechos, porque todo lo  que vive, tiene un valor intrínseco, independientemente del uso humano,  y merece existir y tiene derecho a vivir.

 La tercera razón es la unidad Tierra y Humanidad como legado de los astronautas desde sus viajes espaciales. Desde la Luna, o de sus naves, han podido contemplar, llenos de admiración y de sacralidad, la Tierra. Han testimoniado esta experiencia (overview effect): entre Tierra y Humanidad no hay diferenciación. Ambos constituyen una entidad única, resplandeciente, azul-blanca, compleja y bien ordenada. Una capa tenue, de unos pocos kilómetros, forma la biósfera, que garantiza la existencia de una multitud incalculable de formas de vida. Tierra y Humanidad  componen un todo orgánico compuesto de ecosistemas, con sus diferentes  formas de vida, especialmente la humana. Esta entidad, única, compuesta de Tierra y Humanidad nos permite decir que la Tierra está viva y es Madre.

 La cuarta razón es cosmológica: la Tierra y la vida constituyen momentos  del vasto proceso de la evolución del universo. Es generalmente aceptado  que todo el Universo, todos los seres, el Sol, la Tierra y cada uno de nosotros, estábamos juntos en aquel punto pequeñísimo, pero cargado de 
 energía y de información, que en un momento intemporal explotó. Ocurrió el big bang, hace como 13,7 mil millones de años.

 Las energías y las partículas elementales se difundieron creando el espacio y el tiempo y dando origen al proceso de la evolución. Esas energías y los elementos primordiales se han condensado en estrellas 
 rojas, dentro de las cuales, en mil millones de años, se han forjado  todos los elementos físicos y químicos que componen el Universo.

 Al explotar, las estrellas rojas lanzaron estos elementos hacia afuera y  dieron origen a las galaxias, a las estrellas y al Sol con sus planetas en un proceso de expansión, de auto-creación, de auto-organización y de  complejificación que todavía continúa. El cosmos no acabó de nacer, se  encuentra en cosmogénesis. Todos somos hijos e hijas del polvo cósmico.

 Hace 4,5 mil millones de años irrumpió la Tierra como el tercer planeta  del sistema solar. Con el aumento de la complejidad y de órdenes cada  vez más altas dentro de la misma Tierra, emergió, hace 3,8 mil millones  de años, la vida, posiblemente en el seno de un océano primitivo.

 En un momento avanzado de la expansión de la vida y con el aumento de su  complejidad interna, apareció, hace unos 5 millones de años, la vida  consciente e inteligente. Es la entrada del ser humano en el escenario  de la evolución.

 Entonces podemos decir: la Tierra es un momento de la evolución del  universo. La vida es un momento de la evolución de la Tierra. Y la vida  humana es un momento de la evolución de la vida. Pero para que la vida pueda existir y reproducirse necesita de todas las precondiciones 
energéticas, físicas y químicas sin las cuales no puede irrumpir ni  subsistir. Por eso hay que incluir todo el proceso de la evolución anterior para entender adecuadamente la Tierra y la vida.
El ser humano, por ser la parte consciente e inteligente de la misma Tierra, debe ser visto como la Tierra que siente, piensa, ama, cuida y venera.

 Hay un consenso universal expresado por varias Declaraciones y Convenciones Internacionales de que el ser humano, hombre y mujer, tiene dignidad y derechos inalienables. Si asumimos que el ser humano es la misma Tierra consciente e inteligente, ello implica admitir que ella  participa de la misma dignidad y de los mismos derechos. Por lo tanto, la Tierra es sujeto de dignidad y de derechos.

 Hay una quinta razón que sustenta nuestra tesis, que se deriva de la naturaleza relacional e informacional de todo el universo y de cada ser. La materia no tiene solamente masa y energía. Tiene una tercera dimensión que es su capacidad de conexión y de información. Desde el primer momento en que los primeros elementos materiales se formaron –los hadrions y toquarks– establecieron relaciones entre sí e intercambiaron informaciones.

 Este carácter de inter-retro-conexiones es transversal a todos los seres, de forma que se puede decir con los físicos cuánticos que “todo tiene que ver con todo, en todos los puntos y en todas las 
 circunstancias”. El universo, más que la suma de todos los seres existentes y por existir, es el conjunto de todas las relaciones y redes de relaciones con sus informaciones que todos mantienen con todos. Todo  es relación y nada puede existir fuera de la relación. Esto funda el  principio de cooperación, como la ley más fundamental del universo que  relativiza el principio de la selección natural.

 Por el hecho de que todos están dentro de un proceso cosmogénico, todos  los seres tienen historia. Cada uno posee su manera de relacionarse con los demás. Por eso, tiene su singularidad, que genera cierto nivel de subjetividad. La diferencia entre la subjetividad del universo y de cada ser y la humana no es de principio sino de grado. Todos están interconectados (principio) pero cada uno realiza la conexión a su manera (grado). En nosotros, altamente compleja y por esto autoconsciente, y en el universo y en cada ser, de su manera propia y  menos compleja.

 Este carácter informacional de la realidad, con historia y subjetividad, permite ampliar la personalidad jurídica de los seres, especialmente de la Tierra. Como muchos ya notaron, la Declaración de los Derechos del Hombre tuvo el mérito de decir “todos los hombres” tienen derechos, pero el defecto de pensar que “solo los hombres” tienen derechos. Las  mujeres, los indígenas y los afrodescendientes tuvieron que luchar mucho  para garantizar sus derechos y lo han conseguido.

 Ahora tenemos que poner mucho empeño para garantizar los derechos de la  Madre Tierra, de la naturaleza, de los animales, de las selvas, de las  aguas, en fin, de todos los ecosistemas.

 Si el siglo XX fue el siglo de los derechos humanos –decía el Presidente Morales en su intervención del 22 de abril de 2009 en la Asamblea de las Naciones Unidas– el siglo XXI será el siglo de los derechos de la naturaleza, de la Madre Tierra y de los seres vivos y de todos los seres.

 A la luz de esta visión, la democracia ya no puede ser antropocéntrica y sociocéntrica, como si el ser humano y la sociedad lo fueran todo. Ellos  también están dentro del proceso cosmogénico universal y de la  naturaleza. Esta visión tiene que incorporar los nuevos ciudadanos, de  los que el primer de todos es la Madre Tierra –presupuesto para todos los demás–; en seguida toda la naturaleza, con sus bienes y servicios,  las aguas, los ríos y océanos, la fauna y la flora, los paisajes y el  medioambiente como un todo. Debe ser una democracia sociocósmica, o una  biocracia, o una cosmocracia.

 2. Individuación de los derechos de la Madre Tierra

 Realizada la tarea teórica de dar razones para afirmar que la Madre Tierra tiene dignidad y es sujeto de derechos, cabe ahora detallar cuáles son sus principales derechos.Sería largo desarrollar este discurso. Una buena orientación la dio el Presidente Evo Morales Ayma en la referida intervención en las Naciones Unidas el 22 de abril de 2009. Resumidamente afirmó:

 - el derecho de regeneración de la biocapacidad de la Madre Tierra,

 - el derecho a la vida de todos los seres vivos,

 - el derecho a una vida pura, porque la Madre Tierra tiene el derecho de 
 vivir libre de contaminación y de polución,

 - el derecho al vivir bien de todos los ciudadanos,

 - el derecho a la armonía y al equilibrio con todas la cosas,

 - el derecho a la conexión con el Todo del que somos parte.

 Esta visión funda una paz perenne con la Madre Tierra, base para la paz entre los pueblos. La Tierra ya no es vista como un simple baúl de recursos infinitos que podemos extraer ilimitadamente para nuestro  bienestar humano, visión ésta que está entre las causas principales que  crearon los cambios climáticos y la crisis ecológica y humanitaria  generalizada. La Tierra es la Madre que nos sustenta y alimenta.

 Porque ella tiene derechos originarios, nosotros tenemos deberes fundamentales: tratarla bien, cuidar de su salud y de su vitalidad para que continúe haciendo lo que viene ya haciendo durante millones y 
 millones de años.

 Un tiempo nuevo empieza, el de la biocivilización, en la cual Tierra y Humanidad reconocen su recíproca pertenencia, su origen común y su común destino.

 - Leonardo Boff es teólogo, profesor emérito de Ética por la Universidad de Rio y comisionado de la Carta de la Tierra y escritor.

 * Este texto es parte de la revista América Latina en Movimiento No.479, en coedición con la CoordinadoraAndina de Organizaciones Indígenas, CAOI, sobre el tema "El horizonte de los derechos de la naturaleza"  (http://alainet.org/publica/479.phtml)

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Leonardo Boff: Qué reclamar al capitalismo neoliberal en crisis


25.Ago.12
Dario Vive,Alainet
La crisis del neoliberalismo ha alcanzado el corazón de los países centrales que se arrogaban el derecho de conducir no solo los procesos económico-financieros sino también el propio curso de la historia humana. Es la crisis de la ideología política del estado mínimo y de las privatizaciones de los bienes públicos, pero también del modo de producción capitalista exacerbado en extremo por una concentración de poder como nunca antes se había visto en la historia. Estimamos que esta crisis tiene carácter sistémico y terminal.

El genio del capitalismo siempre ha encontrado salidas para su propósito de acumulación ilimitada. Para eso ha usado todos los medios, inclusive la guerra. Ganaba destruyendo y ganaba reconstruyendo. La crisis de 1929 se resolvió no por la vía de la economía sino por la vía de la Segunda Guerra Mundial. Ese recurso parece ahora impracticable, pues las guerras son tan destructivas que podrían exterminar la vida humana y gran parte de la biosfera. Pero no estamos seguros de que, en su insania, el capitalismo no use este medio.

Esta vez surgen dos límites insuperables, lo que justifica decir que el capitalismo está concluyendo su papel histórico. El primero es el mundo lleno, es decir que el capitalismo ha ocupado todos los espacios para su expansión a nivel planetario. El otro, verdaderamente insuperable son los límites del planeta Tierra. Sus bienes y servicios son limitados y muchos no renovables. En la última generación quemamos más recursos energéticos que en todas las generaciones anteriores, nos asegura el analista italiano Luigi Soja. ¿Qué haremos cuando estos alcancen un punto crítico o simplemente se agoten? La escasez de agua potable puede poner a la humanidad frente a la destrucción de millones de vidas.

Las regulaciones y los controles propuestos hasta ahora han sido simplemente ignorados. La Comisión de la Naciones Unidas para la Crisis Financiera y Monetaria Internacional, cuyo coordinador era el premio Nobel de Economía Joseph Stiglitz (llamada Comisión Stiglitz) realizó un gran esfuerzo desde enero de 2009 para presentar reformas intrasistémicas de cuño keynesiano.

En ella se proponía una reforma de los organismos financieros internacionales (FMI, Banco Mundial) y de la OMC (Organización Mundial del Comercio). Se preveía la creación de un Consejo de Coordinación Económica global del mismo nivel que el Consejo de Seguridad, la constitución de un sistema de reservas globales para contrapesar la hegemonía del dólar como moneda de referencia, la institución de una fiscalización internacional, la abolición de los paraísos fiscales y del secreto bancario y, por último, una reforma de las agencias de certificación. Todo fue rechazado. La ONU aceptó solamente la constitución permanente de un Grupo de Expertos de Prevención de las Crisis, al que nadie da importancia, porque lo que realmente cuenta son las bolsas y la especulación financiera.

Esta constatación decepcionante nos convence de que la lógica de este sistema hegemónico puede hacer que el planeta no sea ya amigable para nosotros, y llevarnos a catástrofes socio-ecológicas muy graves, hasta el punto de amenazar nuestra civilización y la especie humana. Lo cierto es que este tipo de capitalismo, que en la Río+20 se revistió de verde con el objetivo de poner precio a todos los bienes y servicios naturales y comunes de la humanidad, no tiene condiciones a medio ni a largo plazo para garantizar su hegemonía. Otra forma de habitar el planeta Tierra y de utilizar sus bienes y servicios deberá surgir.

El gran desafío es cómo procesar la transición rumbo a un mundo postcapitalista liberal, entendido como un sistema social que esté orientado por el Bien Común de la Humanidad y de la Tierra, que sustente toda la vida y que exprese una relación nueva de pertenencia y de sinergia con la naturaleza y con la Tierra.

Es necesario producir, pero respetando el alcance y los límites de cada ecosistema, no meramente para acumular sino para atender, de forma suficiente y decente, las demandas humanas. Es importante también cuidar de todas las formas de vida y buscar el equilibrio social, sin dejar de pensar en las futuras generaciones que tienen derecho a una Tierra preservada y habitable.

No cabe en este espacio lanzar alternativas en curso. Nos atenemos a lo que es posible intrasistémicamente, ya que no hay como salir de él a corto plazo.

Asistimos al hecho de que América Latina y Brasil, en la división internacional del trabajo, están condenados a exportar lo que se extrae de sus minas y commodities, bienes naturales como alimentos, granos y carnes. Para hacer frente a este tipo de imposición deberíamos seguir los pasos ya sugeridos por varios analistas, especialmente por un gran amigo de Brasil, François Houtart, en su reciente libro con otros colaboradores: Un paradigma poscapitalista: el Bien Común de la Humanidad (Panamá 2012).

En primer lugar, dentro del sistema luchar por normas ecológicas y regulaciones internacionales que cuiden lo más posible los bienes y servicios naturales importados de nuestros países; que traten de su utilización de forma socialmente responsible y ecológicamente correcta. La soya es para alimentar primero a la gente, y solo después a los animales.

En segundo lugar, cuidar nuestra autonomía, rechazando el neocolonialismo de los países del Centro que nos mantienen, como antaño, en la Periferia, subalternos, agregados y meros suplentes de lo que les falta en bienes naturales. Antes, debemos cuidar de incorporar tecnologías que den valor añadido a nuestros productos, crear innovaciones tecnológicas y orientar la economía, primero, hacia el mercado interno y, luego, al externo.

En tercer lugar, exigir a los países importadores que contaminen lo menos posible sus ambientes y que contribuyan financieramente al cuidado y a la regeneración ecológica de los ecosistemas de donde importan los bienes naturales, especialmente de la región amazónica y del cerrado.

Se trata de reformas y todavía no de revoluciones. Pero ayudan a crear las bases para proponer un paradigma distinto que no sea la prolongación del actual, perverso y decadente.


- Leonardo Boff es teólogo y filósofo.

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